sábado, 2 de julho de 2011

CELAC, A NOSSA AMÉRICA ALÉM DA OEA, sem Estados Unidos!

Os bombardeios a Líbia e a morte de Osama Bin Laden, indícios de um novo empurrao do militarismo norte-americano com sua vocação hegemonica e unipolar planetária, induzem a refletir, uma vez mais, sobre a necessidade de impulsionar uma verdadeira multipolaridade mundial, que não seja meramente declarativa.
Será decisivo, neste contexto, o protagonismo progressivo dos “ Estados Continentais Industriais”. China, índia ou Rússia -, como os chamou o pensador uruguaio Alberto Methol Ferré.
Para nós, latino-americanos, a possibilidade certa de participar no esforço por criar uma multipolaridade real, que ao mesmo tempo permita ser livres e soberanos, depende da capacidade de realizar a unidade de nossos povos indo-afro-latino-americanos como Pátria Grande.
Coincidindo com o bicentenário da declaração de independência da Venezuela, e em meio a múltiplas comemorações dos 200 anos do movimento revolucionário na América Latina, 32 chefes de Estado e de Governo criarão, no próximo dia 5 de julho, em Caracas, a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos.
A organização se propõe subtituir ao Grupo do Rio e incorporar os países da Comunidade do Caribe (Caricom).
Durante os últimos dois anos, o BR impulsionou decisivamente, através de Lula, o nascimento deste novo organosmo integrador, que nãp inclui Estados Unidos e Canadá, como um novo intento de desenvolver uma política autônoma em relação à potência norte-americana.
Se a experiência tiver êxito, marcará um giro na política predominantemente “ SULAMERICANISTA” do Brasil com respeito a região, que teve suas expressões principais no Mercosul e na Unasul.
Agora se trata de abarcar o Caribe no conjunto da América Latina e, por consequência, marcar posição na zona, centro-americana e caribenha junto ao México, zona em que a influência imperativa dos Estados Unidos tem dominado desde o século XIX. Ali era o núcleo do “ quintal dos fundos”.
Arecente frustração ante o golpe de Estado em Honduras que derrubou Zelaya, e a incapacidade da OEA para responder ao desafio, provavelmente contribuiu para o impulso criador da CELAC.
É justamente Honduras, devido ao golpe, o único país latino-americano que não participa dos preparativos fundacionais da nova Comunidade.
UNAUL E CELAC
Em escala sul-americana, o processo integrador é complexo e deve contemplar os delicados equilíbrios entre os países que não têm Tratados de Livre Comércio com o EUA, como os membros da ALBA e do Mercosul, e os que têm TLCs com os EUA, como o Chile e o Peru. A proliferação de tratados bilaterais econômicos e militares é a resposta norte-americana ao fracasso ALCA, porém um grupo importante de países sul-americanos resiste à multiplicação de novas bases militares
como as intaladas na Colômbia.
O conselho de Defesa SUL-americana da Unasul, proposto por Lula criado em dezembro de 2008, representa o mais audaz projeto de autonomia em nossa região frente ao MILITARISMO unilateral norte-americano.
Muito se deve avançar ainda, tanto a Unasul como no Conselho de Defesa Su-lamericano, e mais genericamente na unidade econômica regional; sem embargo, deve existir no horizonte compartilhado de nossos povos uma organização como a projetada Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos que fortaleça nossa identidade CULTURAL, POLÍTICA E ECONÔMICA comum ante a globalização.
Não são contraditórios os esforços integradores do Mercosul, da Unasul e do Conselho de Defesa Sulamericano como os da CELAC. Se se atua com sabedoria, a CELAC poderá fortalecer a Unasul; e, a Unasul, a CELAC.
Enquanto a América Central e o Caribe junto com o México seguirão sendo estrategicamente decisivos para os Estados Unidos, e em consequência constituirão provavelmente uma espécie de zona de fronteira entre Nossa América e a potência hegemônica norte-americana, em troca a América do Sul é e será o núcleo básico da unidade latino-americana.
É imperativo harmonizar as necessidades e desafios do nosso núcleo político e nossa fronteira, da América do Sul, por um lado, e do conjunto da América Latina e Caribe, por outro. Os ritmos de avanço na integração e unidade não poderão, provavelmente, ser os mesmos em nosso núcleo e em nossa fronteira, porém nem o núcleo deve se desentender com o destino de sua fronteira, nem a fronteira deve se desentender com o destino de seu núcleo, já que depende nossa capacidade de sobrevivência.
NAÇÃO LATINO-AMERICANA
O presidente uruguaio José Mujica disse: “Criamos muitos países, porque fracassamos na fundação de uma nação. Ali estavam os sonhos de Bolíviar, as cartas de San Martin, a visão federal de nosso Artigas”. Parafraseava o pensador ArgentinoJorge Abelardo Ramos, que escreveu em seu livro “ Revolución y contrarrevolución em Argentina: “Somo um paísm porque não pudemos intefrar uma nação e fomos argentinos porque fracassamos em ser latino-americanos”. Essas palavras valem para cada um dos países da Nossa América, para cada fragmento da Nação latino-americana inconclusa.
O Brasil, devido a suas dimensões, tem uma responsabilidade especial nas tarefas pendentes da construção da PÁTRIA GRANDE. Ao mesmo tempo, e também como consequência de suas dimensões maiores que as dos nossos demais países, é o Brasil quem mais se expõe à ilusão de sua grandeza autossuficiente, sem compreender que isolado de seus vizinhos será inexoravelmente dominado pela potência norte-americana.
As experiências que a avizinham como a croação da CELAC serão, junto ás já iniciadas na Unasul, provas de nossa vontade de deixar para trás canização, e fazer REALIDADE O SONHO LIBERADOR de Bolívar.

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